Balir [no baixo da serra. em baixo.]
Levantou-se cedo. Com a certeza na decisão e a rota no olhar. E começou a subir a serra. O dia esquecera-se do Sol. Ou do avesso. Tanto faz. Veio a chuva. A água. E as ervar daninhas multiplicaram-se na esperança. Assim, numa louca devassidão do sim e do não. Enquanto decorria a festa da terra, revoltavam-se as taças da viçosa alegria. Espreguinçando-se, a luz acendia réstias de dia. A tarde enroupava-se na lã do frio. Bonita na serenidade da hesitação que as nuvens carregavam na encosta do cinzento desalinho. Lá fora, estendia-se um doce e verde tapete de fartura. E as ovelas baliam admirações famintas.
As ovelhas nutriam-se numa preguiçosa melodia. Como a quietude do espantalho que estendia os braços na ilusão do abraço. Rasgavam as flores numa simetria de gestos. A individualidade consumia-se no rebanho, ao mesmo tempo que a angústia da vedação. Há muito que a cerca era um devaneio primaveril. E os sonhos quedaram-se no sopé da serra. No lado de lá. Donde soavam passos tosqueados à noitinha.
Desceu até ao baixo da serra. Onde as rubras papoilas se fechavam no logro que conceberam. Há muito que a pastagem se extinguira na gula dos passos. Na fartura dos corpos. E eles separaram-se. Sem saber que foram feitos um para o outro.