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ponto de admiração

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29
Abr08

esburacar [do buraco - praga que se sente]

Paola

 

b  A palavra "buraco"  é magnífica e grandiosa. Quase como "coisa". Quase como "pois". Quem disse que não? Buracos  de todas as formas, de todas as cores, de todos os sabores... Por isso, há queijos com buracos, rotos, ocos, vazios, esfomeados, suculentos.
Neste momento sinto um buraco no estômago. Não que esteja roto. Não que tenha orifícios tamanhos e inusitados. Simplesmente está vazio. Tem fome. Uma expressão popular e corriqueira a significar a minha fome. Então, o melhor mesmo é entrar no buraco. É como quem diz, vou para casa. Vou tapar o buraco que tenho no estômago . Ficarei muito mais confortável. Optei por não comer o restinho que sobrou do jantar. As opções também nos levam até grandes buracos. Invento. Lá vem o buraco! Faltam-me ingredientes, rareia-me a paciência, sobra-me a fome. O buraco está no estômago. A solução na minha cabeça. Termino à mesa com as sobras do dia anterior. Menos mal. Inventei um buraco sem qualquer necessidade. Por vezes, cavamos o nosso próprio buraco.
Findo o repasto, tive que ir à rua. A Hera exigia. Pronto, outro buraco. Não o originei. Antes uma herança de um filho que saiu deste buraco. Cão é cão, neste caso cadela. Mal virei costas, lá estava ela a esgravatar num buraco. Não tenho culpa que a Junta de Freguesia deixe os buracos abertos, à mercê de qualquer cão bisbilhoteiro. E temos com cada um! Na minha rua são às dezenas. Se se multiplicar por por todas as ruas e estradas deste país esburacado chegaremos a um número... Nem pensar! Não sei fazer estas contas. Que extravagância a minha! Outro buraco? Nem tenho vocação para números. Mas que há muitos, lá isso há. Já os vi.
Até na televisão que não se cansa de  mostrar os buracos que existem para aí, enfiando-nos pelos olhos dentro. O melhor é não conectar o botão. Ou a ficha à tomada. São mais uns buraquitos.
O buraco da camada do ozono que afinal não é um verdadeiro buraco. Trata-se, creio, da redução da camada do dito. É muito ruim não nos preocuparmos com o assunto, pior é não fazer nada. Outro buraco na minha vida. Eu penso que quem anda lá por cima sempre podia fazer alguma coisa... Sempre está mais perto.
O buraco do défice é outro. Todos os dias me enfio nele. Que aborrecimento. O senhor primeiro ministro, e os outros ministros todos, bem nos alerta. Tapete aqui, tapete ali... não resulta. Temos que o pagar. E é caro. Muito caro. Mais um buraco no calcanhar.
O buraco que se chama política e políticos, evidentemente. O buraco da esquerda , mas também da direita. E o do centro é mesmo um enorme buraco. Só que uns saltam por cima, outros passam ao lado. Restam os desgraçados que não o podem evitar e acabam por cair. Inexoravelmente!
E as fendas na lateral do meu prédio? Não são buracos? E aquele beco sem saída onde enfiámos o carro? A inversão de marcha resolveu o problema. O pior foi quando foste enfiar a viatura no buraco do estacionamento subterrâneo. Não foi um grande buraco? E aquele encontro a que não pudeste ir? Outro buraco, sem dúvida. E aquela fila de trânsito que nos impediu de chegar a horas? Já viste o buraco que nos arranjou?
E o Benfica? Mais um buraco na vida. Os homens ganham bem, deviam ter cuidado. Havia necessidade de tanta desgraça? Confundirão eles a bola de futebol com um berlinde? Será por isso que não acertam no buraco?
E o buraco da educação? Nem o facto de ser uma das poucas formas de alguns saírem do buraco em que nasceram me consola. Estou mesmo metida num grande buraco. Um buracão, digo-vos eu que ando por lá todos os dias. Hoje não, que é dia de buraco lectivo. Ao menos um que me pareça bem. Uma excelente razão para ter os dias contados. Parece que vão extinguir os buracos lectivos...
Restarão os furos que são parecidos. Buracos é que não faltam.
Vou continuar a tapar buracos... Não vá alguém espreitar pelo buraco da fechadura. Ou lembrar-se de tapar o buraco com uma rolha!

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Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. [Fernando Pessoa]

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