06
Mai08
dedicar
Paola
pela dedicatória - o valor da amizade
Lembro-me da verdade escrita nas fitas coloridas de final de curso. Lembro-me da lealdade escrita, com caligrafia inventada, no rosto ou no ante-rosto do livro. Eram ofertas e carinhos e afectos presenteados no Natal, no dia dos anos... Por vezes, a dedicatória era, ela própria, o verdadeiro presente. Sempre admirei as dedicatórias. Poemas! Aos meus olhos, só podiam ser obra de poetas... Não falo daquelas que se vendem em postais com música incluída. Nem das que se reproduzem na Internet. Refiro-me às genuínas. Às que brotam do peito e se transformam em carinhos, em amizades, em amores. As que, anos depois, nos permitem dar conta que não estamos sozinhos .
Há muito que persigo a ideia de escrever uma dedicatória. Uma que diga o que penso, que pense o que eu falo, que liberte cheiros profundos das minhas emoções. Como a romã! A romã é um fruto admirável... As suas bagas muito arrumadinhas, tão rosadinhas, numa posição intra-uterina. As romãs curam enfermidades. A natureza é mãe!
Porém, nunca fui capaz. As palavras saem repetidamente banais, gastas, cansadas, numa sentimentalidade excessiva. Contagiadas pelo sabor dos textos que já li, pelos vocábulos que povoam o meu património linguístico e que não consigo articular...
Nunca me ensinaram a escrever uma dedicatória. Gostava de ter aprendido. Aprende-se? Ensina-se? São precisas tantas palavras...
Pensei que poderia desenhar emoções; cantar sentimentos; expressar a grandeza da amizade; presentificar momentos passados como ícones da relação entre as pessoas; apagar a solidão que lavra por aí; riscar um quadro branco com giz preto - não existe cor no mundo? Não, a minha incompetência acena-me...
Não renuncio ao meu propósito! Persigo a ideia de comunicar afectos e paixões e poder confundir tudo numa bola de pingue-pongue que saltita à procura de sorrisos.
Porém, tudo o que escrevi foi ruim. Resta-me o conforto de nunca ter aprendido a escrever uma dedicatória.
Só queria ter conhecimentos e ter a destreza para comunicar aquelas coisas que se dizem... "Gosto de ti!" - "És linda!" - "Até amanhã." - "Ontem, vi-te no supermercado..." - "Então, tudo bem?" - "Pensei em ti!" ...
Afinal, parece tão fácil! Chega um sorriso, chega?
Pouco importa que "humanidade" se escreva com ou sem agá... desde que não despreze a sua etimologia: humanitate. Se um dia o agá fôr erro ortográfico, apenas terá direito a um errare humanum est! Assim como quem tolera a diabrura de uma criança... mas sem perdão!
O agá faz falta numa sociedade que se revela inábil a escrever dedicatórias, todavia sabe o preço do barril do pretróleo e a cotação do dólar face ao euro... As palavras também têm história. E memória!
Há muito que persigo a ideia de escrever uma dedicatória. Uma que diga o que penso, que pense o que eu falo, que liberte cheiros profundos das minhas emoções. Como a romã! A romã é um fruto admirável... As suas bagas muito arrumadinhas, tão rosadinhas, numa posição intra-uterina. As romãs curam enfermidades. A natureza é mãe!
Porém, nunca fui capaz. As palavras saem repetidamente banais, gastas, cansadas, numa sentimentalidade excessiva. Contagiadas pelo sabor dos textos que já li, pelos vocábulos que povoam o meu património linguístico e que não consigo articular...
Nunca me ensinaram a escrever uma dedicatória. Gostava de ter aprendido. Aprende-se? Ensina-se? São precisas tantas palavras...
Pensei que poderia desenhar emoções; cantar sentimentos; expressar a grandeza da amizade; presentificar momentos passados como ícones da relação entre as pessoas; apagar a solidão que lavra por aí; riscar um quadro branco com giz preto - não existe cor no mundo? Não, a minha incompetência acena-me...
Não renuncio ao meu propósito! Persigo a ideia de comunicar afectos e paixões e poder confundir tudo numa bola de pingue-pongue que saltita à procura de sorrisos.
Porém, tudo o que escrevi foi ruim. Resta-me o conforto de nunca ter aprendido a escrever uma dedicatória.
Só queria ter conhecimentos e ter a destreza para comunicar aquelas coisas que se dizem... "Gosto de ti!" - "És linda!" - "Até amanhã." - "Ontem, vi-te no supermercado..." - "Então, tudo bem?" - "Pensei em ti!" ...
Afinal, parece tão fácil! Chega um sorriso, chega?
Pouco importa que "humanidade" se escreva com ou sem agá... desde que não despreze a sua etimologia: humanitate. Se um dia o agá fôr erro ortográfico, apenas terá direito a um errare humanum est! Assim como quem tolera a diabrura de uma criança... mas sem perdão!
O agá faz falta numa sociedade que se revela inábil a escrever dedicatórias, todavia sabe o preço do barril do pretróleo e a cotação do dólar face ao euro... As palavras também têm história. E memória!
fotografia da internet