entre a casa e a fonte
Entre a casa e a fonte, havia o céu. Que se dizia na penitência da areia. Nos pés enterrados na firmeza do conseguir. Iam com a mesma crença com que chevagam. Apenas mais quentes. Entre a casa e a sede, existia uma fonte. Que se afirmava na cristalina frescura da água. Na veneração da vida. Todos os dias. Enquanto o Sol se demorou por ali. Murchou o orvalho, secaram-se os olhos. A fonte morreu. Mas tiveram que arrombar a distância que vai do nascer ao pôr-do-sol. Permanece a paisagem. Num desenho inigualável que guardo para mim. E um vento fresco e luminoso bate-me no rosto. Uma doce melopeia voluteia na serenidade do dia. Uma concertina dedobra-se na repetição dos acordes. Abro-lhe a porta. E tenho tudo. Outra vez. Sempre que a sede se incendiar na minha boca.