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ponto de admiração

ponto de admiração

31
Ago15

O rio

Paola

Poisadas - rio.JPG

 

Queria tanto ser o dia. A noite e o mar. Enfiar o Sol na algibeira e escorregar pelo momento. Pisar o verde. Beber o perfume das flores. Desenhar ramos de papoilas. Trepar aos frutos e comer os figos. Para deixar as árvores agarradas à raiz.

Queria muito acordar abraçada à voz do meu passado. Beijar a manhã contar uma história de encantar. Com duendes pequeninos. E fadas. E o pipilar dos pardais. Parar no crepúsculo que paira na nitidez do quadro que jaz solitário na parede do quarto.

Queria fruir o mar que tem o rio. Demasiadamente…

 

22
Ago15

Sardinheiras

Paola

O roxo alastra-se pela alegria do vinho num copo descansado no alabastro do dia. O jornal cai pelo chão amarrotado pelo deserto das notícias repisadas e os teus olhos perdem-se na contemplação do tempo que escorrega pela ladeira ornada de sardinheiras vermelhas. São flores sentadas nos postigos das velhas que se benzem e cantam rezas muito restritas e pendentes nos retratos alinhados em cima das cómodas. São memórias de sombras vagas que lhes definem confortos do luto dos vinhos.
E tu seguras as paredes nuas do quarto. Sentes a ausência das lágrimas. Pensas que a pele é insuficiente para absorver o líquido que escorre do copo. E sais. Lá fora estugas o passo. Enquanto eu arrumo os copos já esquecidos do momento. Apenas as sardinheiras exultam o esmero da cor.

 

(Fotografia da Internet)

17
Ago15

No lado contrário

Paola

2011-08-18 11.57.36.jpg

 

Eu sei
O lugar onde
As árvores
Deixam as raízes

 

E sei que no instante
Em que um árvore
Se cala no incómodo das folhas
Um grito brota
Cristalino e indeciso
No alívio da noite

 

 

No lado contrário

 

Ergue-se a distância
Entre o grito e o silêncio
Ergue-se a longe
Entre o agora e um dia destes

 

No lado contrário.

 

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Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. [Fernando Pessoa]

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