saltar
Admirei-me porque vi. Extraordinariamente. Admiração feita de emoção, de assombro, de respeito. Pela determinação. Yelena acreditou que conseguia superar-se. Sentiu-se bicho na certeza de ser gente. Ela fitou a barra a 5.05 metros. Mediu-lhe a altura. Espreitou o céu. E sonhou alto. Pediu palmas que rasgassem os limites e saltassem para o inesperada. Ela quis que todos vissem que querer é muito. Que a força humana reside no desejo de ter força.
Admirei-me quando Yelena pôs os olhos esverdeados na vara e a acariciou. E ela sorriu com flexibilidade e disse que sim. Admirável cumplicidade! Não por ter superado o recorde mundial. Não por ser medalha de ouro. Não por ser uma atleta com sucessos. Admirei-me pelo olhar. Vi-a acreditar e pular. Na verticalidade da vara, Yelena voou. E o bruaá que se ouviu no estádio impediu a alma de Yelena de o galgar. De Yelena Isinbayeva. Individualmente.
E faz-se condição procurar o Sol. Levantar os olhos e acreditar.