07
Nov08
vozear
Paola
Ao sábado ando por aí. Sem arames farpados disfarçados de tempo. Sem caminhos aforquilhados por entes indesejados. Ao sábado só faço o que quero. Por vezes, não faço nada. Decretei que este é o dia de mim. Porque o nada é tudo, quando me coíbem vontades e me algemam a decisões. Ando e oiço vozes que amo. Chilreios e gargalhadas de rir. Francas e leais.
Ao sábado como arroz-doce na Dona Perpétua. São gostos e prescrições rejeitadas. Amanhã, cumprirei o cerimonial. Farei tudo com mais exuberância e vozearei por aí que é sábado. E que urge ir a correr! Para lá. Onde todos seremos poucos.
Neste sábado, eu vou lá estar. Para bramir contra a miopia de quem já não discerne a realidade. Porque estão cada vez mais disformes, deselegantes e ferozes. Há portentos assim!
Neste sábado, vou lá estar. A vozear desagrados e muitos desabrimentos. E só me calarei, quando a voz me começar a doer. Mesmo que em silêncio. Mesmo que ninguém me coiço. Sábado vou vozear!