Hoje, atrevo-me a escrever sobre empatia. Mesmo que não perceba nada de Filosofia. Nem sequer de Psicologia ou mesmo de Sociologia. Facto que complica a minha determinação. É que agora querem que eu seja empática! Segundo Jordi Montaner uma pessoa extremamente empática vive exposta a um complexo universo de informação emocional, dolorosa e pode ser quase intolerável, e os outros pura e simplesmente não percebem.Seja o que for, não me parece nada bom. Dolorosa? E os outros não percebem!!? E querem que eu seja empática! E eu duvido de tanta erudição e da necessidade de tanta ambição. Isto digo eu que não percebo nada da relação. Que empatizar está no olhar. Que eu tenho que ver e espreitar. Depois, tornar a olhar. Mesmo sem saber o que estou a ver. Porque não quero olhar. Posso?
Exigem-me que entre no outro e perscrute as suas emoções. Eu observo, mas não me acusem de indiscrição. Avaliar o estado de pobreza. A fome e a sede. E depois, faço o quê? Da teria à prática, instala-se o sentir que não sinto porque não é o meu. Mas tenho que empatizar! Querer o que o outro quer… e se eu não quiser?
É que agora tenho que empatizar! Ler o que o outro lê? Nem pensar! Aprender como ele aprende. Não sei! Nem me apetece deixar de ser eu para ser ele. Não prescindo da minha faculdade de compreender emocionalmente a realidade. Um quadro, um livro, o pôr-do-sol, o volutear de uma borboleta… A emoção é minha, a empatia também. Nem me parece bem andar a desembolsar emoções! Porque pessoais, intransmissíveis.
É que agora tenho que empatizar! Frustação danada! Então, eu nunca empatizei? E só agora é que me avisam? Que falta de empatia! O que importa são os actos. E os rostos! Que devem ser muito humanos… Empatizar é viver! Só que teimam em contar.
É que agora tenho que empatizar! Empatia é uma palavra! Afinidade, compreensão… Creio que se anda a atropelar os vocábulos. A invocá-los em vão, o que é pecado. Convém melhorar o conteúdo. E, porque tenho com eles uma enorme relação empática, não me parece nada bem. De facto, não sei nada de empatias.
E mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças, Nem consta que tivesse biblioteca...
olá gosto da tua tese de empatias e dizer mesmo vamos empatizar as muitas manias não é seca mas essa frase é demais "não consta que tivesse biblioteca"
joca da Covilhã
ó Lidia, onde vais tu procurar esse prazer teu de interpretar ? é que é de sonhar...
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.
[Fernando Pessoa]