07
Dez08
ser
Paola
encontro pessoal
Virtual é um adjectivo que se diz na possibilidade. E a hipótese não existe. Cambaleia num se apinhado de condições. Tão-somente uma faculdade. Sem exercício verdadeiro. Sem efeito efectivo.
Virtual é um adjectivo que edifica imagens. E os rostos não existem. Surgem desfocados por prolongamentos imaginados. São construções de areia desmoronados pelo ritmo das marés. Silhuetas desenhadas a carvão na opacidade da configuração. Representação abstracta da relação.
Virtual não é fantasia sempre que a realidade se abraça à verdade e a beija com seriedade. É certeza sempre que as palavras não inventam figuras vãs. Por isso, olhei para ti e vi-te. Afinal, tinhas rosto para mim… não te inventei. E as palavras disseram-nos com a mesma franqueza com que colorimos os dias virtuais. Leais como o bote agonizante no rio. Lembras-te?
Virtual não é mentira sempre que ser diferente é bom. Eu vi o brilho orgulhoso dos teus olhos… ouvi a harmonia nortenha da tua voz. Descobri-te no vermelho que te ornava. Viste como não me enganei?
Os antigos filósofos acreditavam que apenas era verdade o que poderia ser visto, provou-se, no entanto, que não estavam certos. Mas eu, que não percebo nada de Filosofia, dou-lhes razão…