31
Jan09
emudecer
Paola
silêncio dos sonhos
De dia nem sempre me apetecem palavras. Apenas quero ver silêncios aparatosos que me acordem. A noite aperfeiçoa os esboços que desenho. Transfigura-os com luzes e brilhos... De noite não desejo o dia. Nem o Sol. De noite, é a linguagem do silêncio que repara aquilo que o dia estragou.
Quando todos se calam, aconteço nos braços de Morfeu. Somos corpos abraçados ao nada num desvario afrodisíaco, até de madrugada. Alheios a Hipnos que adormece tragado pelo ciúme num palácio onde o Sol nunca entrou. Com Baco ébrio de deslumbramento a espreitar a paixão.
Mas sempre que não me apetecem palavras, os sonhos extinguem-se no impedimento de falar.
Setúbal
Fotografia de Jorge Soares