05
Fev09
emparedar
Paola
pela vida
Caminhando pelo empedrado chão da vida, contornei muros de desalento. Saltei estorvos caiados a cal. Pulei cercas e rompi a pele. Galguei sebes e caniçadas para espantar os pardais. Exasperei-me com déspotas tapumes que, ostensivamente, amordaçavam o olhar. Arredondei esquinas esgarçadas e desapareci depois. Desci! Cavalguei por recintos fechados. Encontrei-me com barreiras e obstáculos acasalados. Trilhei formigas. Perdi-me nas muralhas do castelo e aldrabei o tempo. Denunciei ecos de um passado devorado pela história. Apaguei palavras simples nos erros que empreendiam. Subi!
Eu fui o próprio espaço cerrado. Recinto, circuito murado. Beco sem saída confundido. Paredão atoalhado no mar.
Mas, nesses dias de estrada, admirei-me por atalhos que me levaram a mim. Que são caminhos estreitos que abreviam a distância … sem alfândegas. Pequenos desvios para burilar as paredes. Privativos e individuais. Pela vida fora!
Alverca
fotografia de Paola