07
Fev09
estorvar
Paola
marcha silenciosa
Tenho a cabeça estorvada por hesitações e muitas contestações. Sempre que a minha cabeça se engasga na promiscuidade do sim e do não, o meu corpo estaciona no mais profundo silêncio… às vezes, dói. Outras não.
Tenho a intenção reprimida por impressos de papel. Sempre que a minha vontade se cala na maré negra da incerteza, esgrimo efeitos nefastos. Sem a certeza de poder limpar a areia, a tempo de evitar o desastre. Quando cesso o meu querer, não quero.
Tenho a convicção incomodada por devaneios impostos. Sempre que a minha fé se questiona no dispensável fazer, olho a minha vida passada. E num atordoamento corrompido, percebo que as minhas ideias minhas se deitam num copo vazio de querer.
Tenho a cabeça coberta por desarmonias. Sempre que a minha cabeça se desorienta no querer, o meu corpo embriaga-se na loucura de gestos vacilantes. E sou acção de corpos que não o meu, na estúpida perplexidade de achar outros a andar.
Reconheço, por isso, a nudez dos meus pensamentos… e visto-os com adjectivos desqualificativos. Se eu fosse uma orquídea espalhava perfume…
Orquídeas
Fotografia de João Palmela