cruzar
credo!
Ainda que seja o último dia de Março, data estrategicamente cruzada, calo a minha cruz. Quando a pronuncio, ela sabe-me a suplício, tortura, aflição, mortificação, sacrifício, tormento… Não gosto! Se a inscrevo numa insignificante casinha quadrada, chega-me um sabor indisposto, analfabeto. Por vezes, de tanto a ouvir, canso-me. E, como que por feitiçaria, desenha-se na minha folha em branco um vil instrumento de suplício. Tal e qual! Dois lenhos fixados perpendicularmente. Vejo os condenados que se agitam de braços abertos. Então fujo com a cruz na mão e coloco-a no último dia de Março. Cruzes! Há coisas que não lembram ao Diabo.
Mesmo que as cruzes se multipliquem, para imediatamente se arruinarem na incógnita incompreensão. Mesmo que as cruzes se juntem na mais estranha matemática… e até na volúpia da deusa. Mesmo que ela perca a cabeça... e só porque não gosto de desacautelados martírios, eu saio. Na filantropia da rua, acasalo amizades e intersecciono afagos tranquilos.
[Fotografia da Internet]