re-nascer
quando nasci não percebi o rio do meu nascer
Em Abril __________ rasguei o ventre da minha mãe ___________ surgi nua de despudores ___________ para me saber no depois __________ aconchegada em lençóis de espuma que o rio bordou para mim __________ emergi de ternas tormentas __________________ amparou-me em mãos doces _________________ em Abril __________ ainda faltavam duas horas para o dia ser outro ___________ em Aprilis ilimitado no ressurgimento __________________ abri a boca a safras de admirações _____________ chorei alaridos de vida ____________ chegados ao outro lado da cidade ____________ nasci em Abril _________ quase ao pé do rio _________ não aconteceu nada no mundo quando eu nasci _________ tão-somente o sorriso dela desviou a Lua por estar a brilhar ______________ nasci em Abril __________ num luzente mês de carinhosas brisas espalhadas ____________________ sorria pelo Sul _____________ pelas papoilas escarlate _____________ com as azedas amarelas a baloiçar______________ hoje, não celebro o dia __________ antes a origem ____________ que naufragou antes do Inverno chegar_______________ porque navego por aqui _______ redemoinhando à tona da grandiosidade que me gerou __________ no seu rio ___________ em Abril.
[fotografia de Diego Sousa]