partir
raios partam isto tudo!
preciso de desabafar...
Hoje, sou eu na plenitude de mim. Sem efabulações, na mais inteira verdade. Assanhada. Desapontada. Impotente. Espoliada. A história, que vos que contar, diz-se em poucas palavras.
Chegou o dia da consulta de ortopedia que, confesso, aguardava com alguma ansiedade. Aguardei mansamente cerca de três horas… Ouvi o meu nome… fui. O médico perguntou-me o motivo da minha presença… lembrei que tinha fracturado o escafóide… pois e tal… é preciso fazer RX… tome lá a requisição… vá lá acima… Perguntei-lhe se podia deixar o casaco e a pasta no consultório, ele respondeu que sim, que fosse depressa. Eu fui…
Radiografia na mão, aí venho eu escadas a baixo com a expectativa na ponta dos pés. Já na sala que de acesso ao consultório, relatei à enfermeira o que andara a fazer. Pedi-lhe que informasse o senhor doutor ortopediata que eu já tinha o RX…
Tombei fuzilada de espanto na cadeira mais próxima… O homem acabara o turno, enquanto me radiografavam a mão!! E como um ortopedista, que até é um homem, tem mais que fazer na vida do que aturar ossos estupidamente quebrados… foi-se embora.
Assim. Sem deixar rasto, incomunicável. Todos o procuraram. Todos ouviram o meu protesto. Excepto ele que terminara o turno… E foi assim que, pela primeira vez na minha vida, tive uma meia consulta e uma meia radiografia, sem relatório, que nenhum médico viu, nem quis ver… por questões de ética.
O senhor assina como médico ortopedista… de nome Doutor António Nunes Godinho. E ali mesmo, num hospital público deste país, que ele me ensinou o que é falta de profissionalismo. De ética. De atenção pelo doente. De respeito pelo contribuinte. De consideração pelo país. O senhor doutor, fiquei a saber que será candidato a Presidente da Assembleia Municipal de Azambuja, com o bandulho farto de pressa íntima, deixou o trabalho a meio… E que importância tem, se ganha o mesmo? Irra! Só posso estar a ver mal a coisa. Afinal amanhã é véspera de um longo fim de semana…
O homem não me conhece de lado nenhum. E diga-se, nem foi ele que partiu o meu destroçado escafóide… Só que não sei que fazer com uma meia consulta, uma meia radiografia, um meio médico e uma tarde inteirinha perdida no hospital… Nem responder aos meus filhos quando me sujeitarem ao interrogatório do tipo " O que disse o médico?". Não vão perceber que o desgraçado se calou... e eu não vou ser capaz de explicar...
(fotografia da Internet)