Gosto de ouvir rádio. Andar por lá, adormecer no bulício das vozes, enrolar-me na cadência da música e desadormecer ao colo da canção seguinte. E dou por mim a pensar naquela canção que ouvia sem me atrever a contar as vezes. Que não ousava contar a ninguém, com medo que me furtassem o instante. O tempo passou e agora não escuto as mesmas canções. Mergulho nas vozes, gosto das músicas e enrolo-me exatamente com a mesma desordem com que antes me embalava.
Passa uma canção que escutava com o volume incendiado… quase não a reconheço. Desejo que acabe… E dou por mim a pensar a razão do meu sentir. A canção permanece inalterável…
Não fui eu que mudei… mas é impossível ouvir a mesma canção sem lhe mudar o sabor. Como o beijo que trocámos à tardinha… Como a cor deste mar de ritmos cadenciados… Como o bater inquieto das nossas bocas que numa tarde se calaram com uma vontade doida de chorar.
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