borboletear
A borboleta borboleteia-se em movimentos singulares. Subtilezas de bailarina. Quando sobe nas pontas das suas asas encontra uma leveza sublime e uma delicadeza ímpar. Invejo-lhe a doçura das cores compostas nas escamas profusamente emolduradas em complexas colorações. A graciosidade do andar. E quando descansa, a borboleta dobra as suas asas para cima. E faz preces de polinização. Vagabunda do Sol. Aventureira da vida, esvoaça no limite da beleza. No casulo, acontecera magia enfeitiçada e, num momento de singular benignidade, explodiu uma insólita excelência. De flor em flor, graciosamente. Sem compreender que o belo é efémero. Que a flor vai definhar e sucumbir. E ela é uma presença fugaz. Ao sabor do Sol que no Inverno não tem calor. Apenas ilumina dias minguados e grisalhos. O amarelo está desbotado. E a borboleta não sabe que, no Sul e no Norte, o Inverno não acontece ao mesmo tempo. O Sol também se borboleteia. Acorda todas as manhãs. Ciclicamente. A borboleta borboleteia como se fosse o último dia. Pisa o palco uma só vez, sem direito a bisar. A borboleta desconhece a força da sua fragilidade. Quer voar, voar perdidamente aqui e ali e mais além. Como uma alma que se liberta à procura do infinito, porque se sabe mestra na transformação.