Agora que já nos conhecemos melhor, vou confidenciar uma coisa. Tenho para mim, provavelmente nem é verdade, que tenho bom gosto. Apenas e só porque gosto e pronto. Nem creio que seja indispensável mais nada. Nunca aceitei desculpas e narrativas fantásticas para justificar os gostos. A peculiaridade de cada opção é um traço de cada um de nós. São estes riscos que nos estruturam e assinalam, no quadro da vida, a individualidade humana. Veja-se o caso das ovelhas. Até balem com a mesma cadência. A uma só voz. Sou pela diferença e ponto final. Recuso gregarismos ovinos e outros que tais. Carneiro não conta, que nasci em Abril.
Agora que já nos conhecemos melhor, vou dizer-vos que tenho gostos e desgostos. Plurais e muito individuais. Outros não. Tão banais que toda a gente tem. Nem me importo, nem vou suicidar-me no cruzamento do caminho para onde convergem sabores e paladares tão iguais. Ter gosto é admirável. E quando o podemos oferecer como uma oração à liberdade, ainda melhor. Mesmo muito ecléticos. Tão contraditórios que não entendíveis. Os meus são assim. Há outros que não. Sou pela fidelização a crenças universais. E muito pessoais.
Agora que já nos conhecemos melhor, vou assumir que é desacertado escarnecer de predilecções particulares. É falta de educação e revela incivilidade. Eu sei que ter bom gosto é melhor que mau gosto, mas mau gosto é melhor que gosto nenhum. Concordemos! Apesar de ser certo que nem todos o podem ter. Só que isso não vem a propósito. Nem sei por que me lembrei. A padronização do gosto é castradora. Eis uma excelente razão para ter gosto. O meu. O que eu não gosto mesmo é do bom gosto. Nem de quem tem bom gosto, convencido que o adjectivo é superior a outro em boa qualidade. Eu falei de qualidade, falei?
Agora que já nos conhecemos melhor, vou declarar que gosto exponencialmente de música. De toda não, só da que gosto. Com o meu gosto muito eclético. Naturalmente condenado à falta de originalidade e de coesão. Gosto de vozes que me acariciem o coração. De músicas que aferrolhem os meus olhos e me conduzam por aí. De textos que me acicatam o corpo. Sem qualquer explicação ou fundamentação musical.
Agora que já nos conhecemos melhor, vou anunciar que gosto demasiado de música em francês. Pela semelhança de emoções, pela sonoridade da língua, apesar do accent e do ritmo. No entanto, sempre que a ouço e preciso dela todos os dias, a melancolia embaça a minha voz. Exactamente como quando oiço o luso fado… e concluo que a responsabilidade é dos romanos que reconciliaram as línguas. E não satisfeitos com a conquista, as emoções e os sentimentos também.
Agora que já nos conhecemos, não me digam que é pirosice e muito foleiro... E até gosto do bouledogue francês. Eventualmete, um dos cães mais feios ao cimo da terra. Tem meiguice no olhar e ladra como os outros. Gosto do ritmo e da harmoniosa cadência da linguagem. Caniche não, pela sofisticação.
Intervalo. Porque está calor. Porque me apetece. Porque a praia é uma urgência e o mar um fascínio. E a Bretagne, França, beija e acaricia o mar.
Uma terra sem medo do oceano. De lendas e histórias de encantar. Com druidas e poções mágicas. Carvalhos fantásticos. Com restos de cultura milenar. Os celtas deixaram palavras e música. Hábitos e crenças. E tem Astérix e Obélix. E o far breton que eu adoro.
Préparation : 10 mn Cuisson : 50 mn
Ingrédients (pour 6 personnes) :
- 250 g de farine fine - 150 g de sucre - 1 paquet de sucre vanillé - 4 gros oeufs - 1 litre de lait - 100 g de pruneaux dénoyautés (qu'on aura fait tremper dans de l'eau avec un peu de rhum) - 1 petit verre de rhum
Préparation :
Mélanger la farine, le sucre et les oeufs un par un. Ajouter le sucre vanillé et le lait peu à peu. Ajouter le rhum.
Verser cette pâte dans un plat bien beurré, y placer les pruneaux et cuire à four chaud (thermostat 6/7, soit 200°C environ). Surveiller la cuisson à partir de 35 mn.
Recette pas trop mal mais n'oubliez pas de faire tremper les pruneaux dans eau + rhum, et de les rouler dans la farine avant de les disposer dans le fond du plat et y verser la pâte... Et oui il faut du rhum. Du rhum, des femmes et un far, non de Dieu c'est ça qui rend heureux... parole de breton!!!
Très bien mais ajouter le lait bouillant pour que la farine ne tombe pas, je met pas de vanille ni d'alcool.
Eu também não uso álcool. Mas rolo as ameixas na farinha! O resultado? Super!!!
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.
[Fernando Pessoa]