Fez-me o sol a vontade de me levar até aquele dia. Exactamente aquele em que me enlaçaste na fome da luz. Na cobiça do vento. Depois, lembras-te? Os teus olhos nublaram-se. Eu vi… Nuvens escarlate aqueceram-nos as bocas num beijo que brotou ali. Floresceu no sabor a frutos de delírio que estendias na areia. Recusaste a toalha… e estendeste os nossos corpos no areal, não foi?
O beijo ficou por lá... E foi um beijo tão sumarento que nos amámos sem fim. Ao fundo, num plano exaltado, a paixão desmoronou-se no mar. Deitou-se sobre a areia escaldante. Nua. Sua. E deixou-se levar. Enrolaram-se na boca faminta de um grande amor.
Hoje, meu amor, sentei-me naquele lugar… E foi lá que me pus a procurar. O mar estremeceu na areia e guardou os beijos que naquele dia fundeámos. Até os penhascos suaram nos resquícios do calor… E eu desejei ter ali um espelho… com medo do mar.
Servem os pontos de exclamação para discriminar enunciados de entoação admirativa. Empregam-se, com frequência, em parceria com interjeições, exclamações, apóstrofes e imperativos. Devido ao seu grande carrego emotivo, devem ser consumidos com sobriedade. Nunca por jornalistas!
Têm enormes beneficios terapêuticos. No entanto, pesa-lhes o facto de serem excessivamente passionais. Conseguem sempre admirar-se, mesmo que de episódio ingénuo e vazio se trate. Revelam tendência para provocar autoritarismos geradores de algum mal-estar.
Sinal de alegria, exaltação e alguma comemoração. Sinal de dor, sofrimento e muita raiva.Sinal de paixão e admiração pela vida.Sinal de surpresa e afeição. Sinal mandão!
Por isto
Por aquilo
Por nada
Por tudo! Apenas porque sou!
Admiro exageradamente o ponto de admiração. Não pretendo expulsar o menor vestígio de sentimento do meu olhar. Porque sempre que desenho um ponto de admiração, reescrevo-me num amplo ponto de encontro. Quando, um dia, não mais o transportar é porque me tolhi na incapacidade de me assustar. Calei a revolta, peei a emoção. Eu não sabia ser jornalista!
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.
[Fernando Pessoa]