quebrar
no vento desenho a fuga
O vento fresco da manhã atravessou desavergonhadamente a janela… guarneceu o meu incauto e desnudado corpo com nítidas asas brancas. Matizou-as com delicados fiozinhos dourados roubados ao Sol… Libertou-me o cabelo das nuvens… A viagem aconteceu moderadamente. Num abraço de brisa fresca, percorremos as ondas do éter no manso fascínio da correria.
O vento, na mais límpida desatenção, largou-me num sopro perpendicular ao céu, numa verticalidade violeta. E o vento rodopiou por cima de toda a gente que encontrou. Rodopiaram as folhas e as nuvens. O Sol e as flores. Pedaços de mar e rios de amantes...
Mesmo que eu pudesse consertar a minha asa despedaçada, não saberia… o meu grito poisaria na sua ponta dorida e as penas vogariam na correnteza do rio…
O vento poisou. Serenou. Lambeu as feridas do meu olhar e pôs-se à janela...
[imagem da internet]