Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ponto de admiração

ponto de admiração

23
Jul09

rezar ilusões [tanto no céu como no mar]

Paola

 

No céu, as nuvens acontecem debruadas com orlas de azul… e recolhem, no ninho do seu afecto, sonhos atirados para o ar. No mar, as mulheres espalham rezas avivadas com marés de esperança … e serenam, no colo da sua fé, vendavais da sua pele molhada…

Em terra, eu adormeço na amálgama do mar e do céu … e choro por não lhes conseguir tocar… na perplexidade de tanto marear.

 

 

 

31
Jan09

emudecer

Paola

 silêncio dos sonhos

 

 

 

De dia nem sempre me apetecem palavras. Apenas quero ver silêncios aparatosos que me acordem. A noite aperfeiçoa os esboços que desenho. Transfigura-os com luzes e brilhos... De  noite não desejo o dia.  Nem o Sol. De noite, é a linguagem do silêncio que repara aquilo que o dia estragou.

 
Quando todos se calam, aconteço nos braços de Morfeu. Somos corpos abraçados ao nada num desvario afrodisíaco, até de madrugada.  Alheios a Hipnos que adormece tragado pelo ciúme num palácio onde o Sol nunca entrou. Com Baco ébrio de deslumbramento a espreitar a paixão.
 
Mas sempre que não me apetecem palavras, os sonhos extinguem-se no impedimento de falar.
 
 
Setúbal
Fotografia de Jorge Soares
01
Jan09

utopiar

Paola

três desejos de ano novo
 
 
 
 
 
Era uma vez um menino muito pobre que vivia numa aldeia tão pobre quanto ele. Até o riacho, onde chapinhava no Verão, morria à sede com água pelo tornozelo. E ambos agonizavam nas tormentas que calavam. E choravam a sorte, empoleirados numa pedra cinzenta.
 
O menino tiritava de frio, ao mesmo tempo que arremessava pedrinhas na esperança de ouvir onomatopeias cantantes. Foram gestos vãos. Esforços falhados para amornar as mãos. E de repente, uma pedrita muito afável interpelou o rapaz:
 
- Três desejos, apenas três… Queres?
- Tu? Disfarçada de génio? E o Aladino?
- Se não queres, não queiras! Depois, não grites…
- Concedes-me três desejos, é?
- Irra! Não disse já que sim?
- Uma casa! Tens?
- Certo, meu petiz.
- Dinheiro? Preciso de algum…
- É normal… E qual é o teu último desejo?
 
Fez-se um silêncio tão grande que nem as rãs se atreviam a coaxar…
 
- Uma família! Não precisa de ser muito numerosa… apenas que chegue para o ano inteiro. Mas tem que ter um irmão!
 
- Bem pensado, sim senhor! Tenho que me ir embora… Gostei do tempinho que estive contigo, rapaz.
 
E desapareceu num silêncio tão excessivo que se ouviu a pedra a rolar. E o menino pensou que tinha sido engano… que nem acreditava em milagres... mas que podia desejar. 
 
A utopia é inatingível, se fosse certeza não era utopia! Mas não deixa de ser o princípio da esperança... 
 
 
 
 
O verbo foi sugestão do Perfume, a história foi escrita pelo D.Q. , um menino também...  Só a aproveitei!
 
15
Set08

segredar

Paola

de João Palmela (Arrábida, Setúbal)

 

Se eu pudesse, descobria um caminho só para mim. Um trilho para a ilha deserta que há ali. A ninguém diria o caminho. Depois, construiria um castelo para ouvir o mar. Era um segredo que de todos calaria, porque o silêncio é escasso por aqui. Apenas para mim e muito belo.

À sua volta estariam plantas, flores e árvores com ninhos de alegria. A ninguém diria. Acessos sinuosos, ruas labirínticas, carreiros muito estreitos, silêncios canoros bastantes para os amantes. E nós faríamos amor todas as manhãs. Como o mar e a areia. E o Sol. Vendava-te os olhos, enrolava-te na minha paixão, dava-te a mão... O caminho? Não to diria, não!

E os outros, se assim entendessem,  apregoariam a minha morte. O meu naufrágio. E eu, ávida e esfomeada, viveria a êxtase da  beleza. De uma terra que é minha. De uma serra que é mãe.

 

02
Ago08

sonhar

Paola

o direito de sonhar é universal

 

Admiráveis, os sonhos. Sonhar é bom. Enche a cabeça de memórias e de vontades. Desejos que ficam no papel. Que dão volta ao mundo. E o Sol ilumina-os. Desvendam-nos por terras e mares. Entre o possível e o impossível, nasce o entusiasmo. E concluimos que somos capazes de fazer um desenho... E a vida é melhor. É que, às vezes, quando sonhamos muito as coisas acontecem... e somos crianças no baloiço a baloiçar. E temos o colo da mãe para dormitar. E do pai para embalar. Depois, chega a preguiça, pegamos nas asas e voamos. E voltamos sempre ali.

 

E voltei como sempre. E comi arroz-doce com canela e conversei muito. Agosto está de férias. Mas, mesmo num dia soalheiro e espirituoso sabe sempre bem misturar conversas. Assim, há tempo para todas. E isto e aquilo. E mais o outro e a outra. Hoje e ontem. Agrados e desagrados. E gargalhadas de chorar a rir. Sempre!

 

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. [Fernando Pessoa]

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2014
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2013
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2012
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2011
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2010
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2009
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2008
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub